sexta-feira, 7 de setembro de 2012

COLUNA DE CARLOS JOSIAS


HISTÓRIAS E ELEIÇÕES NO GRÊMIO - BASTIDORES - PARTE 1 


Em 1993 o Grêmio vinha da 2a divisão depois de uma gestão desastrada de Rafael Bandeira dos Santos e estava mergulhado em dívidas, até a conta de luz, e telefone estavam atrasadas e beirando ao desligamento. Eu recém havia adquirido um terreno em Ipanema e construia casa com meus filhos pequenos, em escadinha, éramos três, hoje somos quatro. Recebi, então, a visita de Renato Moreira a quem tinha conhecido no falecido curso preparatório ao vestibular em 1976 e travado amizade. Ingressamos juntos no vestibular PUC para Direito, ele entrou em 2o e eu em 4o lugar, ou algo parecido, e ali cursamos parceiramente até a metade do ano, quando ele se transferiu para a Universidade Federal, da qual o pai era Reitor,  eu conclui o curso onde venci a admissão. Ele seguiu adiante, se tornou Procurador da Universidade da Reitoria Paterna, fez curso em Madrid por ela, e assim nossas vidas foi em frente, hoje sou profissional liberal e, penso, até aqui, ele deve seguir Procurador, que se tornou, da Universidade. O motivo da visita: compor um Jurídico naquela fase do clube. Aceitei e, juntos, montamos uma equipe que com algum esquecimentos teve Francisco Rocha Santos, Mario Macedo, Luciano Hocsman ( que já estava lá e era estagiário ), Alberto Brentano,  Claudo Batista,  e outros. O depto começou a se profissionalizar ali, com Jorge Petersen, cujo curriculum foi escolhido por mim, pós fracasso de uma advogada anterior indicada por um colega de equipe com aprovação de Renato, até hoje no clube. Por mais incrível que pareça, a gestão Bandeira com todos os seus percalços nos deixou uma luz no fim do túnel: as raspadinhas. Era a salvação. O sorteio em moda na época havia sido trancado por uma ação do MP Federal e por dois promotores que apesar de suas cores serem as nossas nos meteram num saco em que todos que agitavam com ela eram imprestáveis. Era vigarice, sustentavam. Num esforço que enfrentou madrugadas redigimos, eu e ele, um recurso ao Tribunal Federal cuja liminar me empenhei pessoalmente de obter junto a uma rigorosa Juíza de então, e que simpatizava, vejam só, com o rival. Obtida a liminar, liberadas  - e só a do Grêmio foi liberada, a do Inter que veio depois restou impedida junto com outras tantas, ao menos naquele momento  -  as raspadinhas foram o pontapé inicial de uma grande reviravolta. De 1993 a 1997 conquistamos tudo, quem não se lembra deste período, e lá foi projetada a maior guerra contra a Pirataria até hoje construída, tendo a frente Mário Macedo, Marcos Moreira e Artur Ferreira, que recolhiam material, do RS até SC, que não era oficial, via medidas judicias repetidas. Em 1993 era Koff, em 1997 era Cacalo. Era ou éra ! 1998 foi um ano tumultuado, estávamos para cair. Cacalo teve a humilidade para chamar dois opositores - Preis e Saul - para acudir no futebol, que andava mal. Aceitaram. A estréia foi em agosto de 1998, dia dos pais. Domingo. Fui a Curitiba. O Jogo era contra o Atlético PR. O treinador escolhido era Celso Roth que estreiava também. Zero a zero. Terminado o jogo liguei para os meus filhos: olha o pai chega amanhã tô morrendo de saudades. Resposta: amanhã, pai, não adianta, o dia de estar aqui era hoje. Ali comecei a repensar a entrega. A paixão pelo clube era e é imensa. Vale isto ? Foi duro. Na volta, no aeroporto, Guilherme, aquele centroavante que pulou o muro, pediu licença no restaurante para tomar um cerveja. Roth liberou. Só ele bebeu. Roth não era tão ´grosso` assim. O Grêmio terminou entre os oito do campeonato brasileiro. Para quem estava um passo da segundona, foi lucro. Ali se encerrava a minha primeira participação de dirigente no clube, e terminava a éra Koff e Cacalo. Iria começar a Éra Guerrero no período seguinte com eleições. 

No próximo artigo seguiremos.

@cajosias

face

2 comentários:

  1. Amigo Josias, relato fiel graças a uma mente privilegiada.
    O torcedor precisa saber , ou melhor relembrar esse fatos.
    Apesar de ser da área trabalhista acompanhei o trabalho do Marco Aurélio Moreira, em Criciúma em 1997.
    A busca e apreensão foi sem dúvida a maior de um clube brasileiro em todos os tempos, pois à época éramos tão-somente campeões brasileiros e da Copa do Brasil.
    Memória ã serviço do clube e da verdade. Esse é o Josias.
    Artur Ferreira

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  2. C Josias, cada vez tenho mais admiração por sua pessoa.
    Relatando esses fatos,tem de grande importância para o torcedor Gremista.
    Abraço.

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