sexta-feira, 23 de setembro de 2011

COLUNA DE CARLOS JOSIAS


O GRÊMIO TÁ DURO. LOUCO ABREU. E A PIADA DA TRANSEUNTE GOSTOSA



  1. JOGO E EPISÓDIOS DA INFÂNCIA.  Meu pai era uma pessoa muito simples e vivia no tempo da inocência. Sou o que chamam de temporão. Pai e mãe viúvos se conheceram ambos com uma filha da união anterior e tiveram dois filhos, sendo fui o segundo deste casamento e doze anos depois do nascimento do primeiro. Quando nasci meu pai estava com 51 anos e minha  mãe com 43. Minhas irmãs 12 – a da união dos pais – e as outras duas por volta de 20 anos. Sim, hoje tenho uma irmã de 75 e outra de 67 anos – uma terceira faleceu ano passado. Vivíamos em Rio Grande, no meu nascimento. Meu pai descendente de português e minha mãe espanhola. Meu pai havia sido jogador de futebol na década de 20, do Sport Club Rio Grande – o vovô – e contava histórias maravilhosas dos primórdios deste esporte, passando pelo tempo em que o goleiro era, efetivamente, o mais infeliz dos jogadores e um herói. Não havia falta no goleiro. Goleiro não ficava com a bola mais do que vinte segundos, se tanto, porque o jogador adversário poderia enfiar os pés nele, jogá-lo com bola e tudo para dentro do gol que era validado. Bem, o Corinthians faz isto ainda hoje e o gol é dado, quer dizer, nada que não se possa compreender. Só que na ocasião era perfeitamente ´legal`. Época diferente, mundo diferente, pessoas diferentes. Talvez, eu disse talvez, mais felizes. O fato é que em terra do interior, tipicamente portuguesa, pipocavam piadas dos próprios com muita graça e sem malicia, inocentes. As pessoas riam sem apelar. Tempo da ´anedota` e de reiteradas ´tiradas` do cotidiano que eram contadas e repassadas sem que fosse preciso o exagero do ´baixo calão` para fazer sorrir. Não havia um dia em que alguém não contasse com muito jeito uma passagem aqui e ali que faziam todos gargalhar quem sabe mais pela forma como era contada do que pelo próprio conteúdo. Algumas destas corriqueiras passagens iam-se recontando com o tempo e ficavam retidas na memória familiar para sempre. Eu ainda não era nascido quando o fato ocorreu. Meu pai acordava, com todos no interior, muito cedo e preparava o café para a família, distribuindo a mesa numa sacada pequena que dava para o ´quintal`. As casas não eram separadas por cercas ou muros .... era o tempo da boa vizinhança também .... e todos se conheciam muito e eram amigos. É difícil de entender isto nos dias atuais mas houve sim um período assim .... Contava o meu pai, e repetiam as irmãs e os amigos, que havia um menino, na casa vizinha, que todo o santo dia se postava cedo, à mesa, para ´filar` o café. E isto se repetiu por meses .... até que um dia .... e sempre tem um dia ..... meu pai não se sabe que com espírito de pegadinha ou atacado por um raríssimo mau humor resolveu pregar uma peça no peru ....Cumpriu o ritual de sempre, colocou a mesa – e o peru já sentando – com manteiga, pães .... e serviu o café para o guri .... SEM AÇUCAR. O rapazinho provou meia chicara e o velho ficou ali curtindo aquele amargor alheio, rindo por dentro, certamente, e esperando a reação. O ´prego` com a cara retorcida não reclamou, agüentou firme ... o bom cabrito não berra dizia o ditado. Quando estava quase no fim meu pai perguntou: e ai fulano, ta bom ?  O guri respondeu sério: TÁ DURO SEU CARLOS!

1.1.  Terminado o jogo passou um torcedor por mim e perguntou: que está achando ? Impossível não recordar meu velho e querido pai. Dei uma olhadinha pro céu e pensei: tá duro seu Carlos!



  1. ABREU, O LOUCO. Para quem não sabe, no lindo Museu do Centenário, em Montevidéo, há uma ´estande` personalizada e específica em ´ode` a L Abreu. Nela, cuidadosamente distribuídos, se encontram chuteira, camisa da seleção, e outros objetos pertencentes ao moço, com alguns recortes de jornais que contam suas façanhas. Ele é ídolo no Uruguai, de clube e povo. Em 1998 Abreu foi trazido pelo Grêmio pelo então Presidente Cacalo não sem antes @adalbertopreis levantar a ficha do moço para saber quem era exatamente. Naqueles dias precisávamos de um matador. Ele havia sido campeão e goleador do campeonato Argentino, jogador do San Lourenço Dalmagro e tinha sido negociado ao La Coruña da Espanha por 7 milhões de dólares – o que para a ocasião era uma fortuna incalculável. Não estava dando certo neste último e havia possibilidade de traze-lo. E veio. Corajosa iniciativa que recebeu todo o tipo de torpedo da mídia local que minou o rapaz com criticas ferozes antes mesmo dele desembarcar por aqui. Nada mudou era o rockinho que o Léo Jaime cantava nas rádios .... até hoje pouco ou nada mudou neste aspecto. De baixo de criticas, L Abreu que era um menino, teve imensas dificuldades de adaptação. Ano seguinte mudou o Governo, estávamos nos tempos da brilhantina, digo, no A CISÂNIA – A ORIGEM. Ali foi inaugurada a era do ´tudo que vem da outra gestão ... não presta`. Parece que até hoje esta medíocre linha de raciocínio nos persegue. L Abreu foi desprezado pisoteado e deixado de lado. IRONIA. O Treinador era CELSO ROTH e ele foi mandado embora. Os anos se passavam e no CD do clube quando se reclamavam dos milhões de dólares que ASTRADA e AMATO havia deixado de herança para pagarmos sempre aparecia alguém para pedir a palavra e lembrar que haviam R$ 200 mil de dívidas de L ABREU. Ontem L ABREU, ironicamente, como referi, mandou Roth para o Vestiário com outra derrota. Não, não pensem que penso que ele seja um craque. Não. Só relatei fatos !

  1. SEM GOLS NA FRENTE COM GOL ATRÁS. O Grêmio tem sido repetitivo. Faz pouco ou não faz e de lambuja, leva. Ontem um ataque de asma sequer fez cócegas no adversário. Nem reclamo o gol que tomamos – diferentemente do jogo contra o Vasco que foram 4 – levando um pode-se dizer que é do jogo e que se reverte. Mas para reverter é preciso fazer. O Grêmio não tem ataque. Logo não reverte. E caminha melancolicamente para um final triste de Brasileiro fazendo A PIOR CAMPANHA no Brasileiro desde 2006 ( e 2005 não estávamos na 1ª ) graças a falta de um time que foi tão prometido por um Presidente cujo discurso já não faz nenhum efeito, a não ser fazer ´dormir` a Gabriela e a Marina (minha afilhada), filhas gêmeas de Juliano Ferrer.

   
    4.  A PIADA DA TRANSEUNTE GOSTOSA. Não costumo ler ou ouvir nada que se refira ao rival. Como diria o Lobão " o meu caso é com você ..." = penso só no Grêmio da minha vida. Então quando me perguntam o que que eu achei deste ou daquele jogo deles não tem resposta, porque não vejo, tanto quanto não leio colunas coloradas. Nada pessoal e nada contra, questão de hábito, costume. Quando muito passo os olhos numa ou noutra manchete e algumas raras vezes vejo os melhores momentos na TV de um ou outro jogo. Cada macaco no seu galho, xô xuá .... Em regra, sei que os amigos colorados amam, adoram, dar pitacos nas coisas do Grêmio e, claro, sempre com uma visão parcial e tendenciosa o que, à evidência, é normal, e muito provavelmente eu faria a mesma coisa se culitivasse este instruso procedimento. Sem criticas genéricas, mas não gosto de colorados se intrometendo nas nossas coisas porque invariavelmente, em razão desta visão distorcida que a paixão assegura, ou pouco sabem - e muito chutam - ou nada sabem e atiram giratoriamente, quer no que respeita ao futebol quer no que concerne à política do clube, aonde a maioria dos que assim agem se imaginam entendendo o que não compreendem, ou sabendo o que na ralidade por si próprios concluem. Por uma ou por outra não perco meu tempo percorrendo estas coisas porque é pura desinformação. Mas claro, me chega por um outro torcedor alguns comentários que são feitos e me dizem aqui e ali, e passo os olhos por lá e acolá, que volta e meia sai uma chacota por este ou aquele ponto perdido ou deixado, por certo resultado colhido num ou noutro instante. Normal, a flauta faz parte do futebol, é aceitável, o que é risível, isto sim, é a suposta critica séria que não passa em alguns casos do velho e incurável complexo da rejeição que fez desde a fundação .... Mas as chacotinhas bem tiradas seriam bem vindas não fosse o telhado de vidro. Neste momento, olhando a tabela e ou vendo os resultados da dupla, um flautear o outro me lembra uma piada que é quase uma parábola. Na esquina um cadeirante e um ceguinho esmolando no momento em que passa uma bela mulher; o cadeirante vendo o monumento comenta com o seu colega de infortúnio:

- precisa ver a gostosa que tá passando ...
- ao que o ceguinho responde = então corre e pega ela prá ti.


TÁ DURO SEU CARLOS.


Saudações Tricolores.

Carlos Josias
twitter = @cajosias
www.cjosiaseferrer.com.br