terça-feira, 15 de novembro de 2011

COLUNA DE CARLOS JOSIAS


(I Can't Get No) Satisfaction- “but” I tri – Toda Nudez sera castigada


Acumulam-se as inconformidades do torcedor em ruas, bares, praças, redes sociais, contra os repetidos insucessos do clube. Insucessos de toda a ordem e natureza. Dentro e fora do campo. Literalmente o torcedor está com a paciência esgotada. Há dez anos sem títulos importantes, e tendo vencido uma 2ª divisão que valeu muito mais pela epopéia do jogo final do que pelo fraco desempenho durante a competição, o torcedor já não agüenta mais. Está no seu limite. Não gosta de nada, acha tudo errado, e às vezes antes mesmo de saber o que é, já acha ruim. O torcedor do Grêmio está que nem aquele índio grosso barbaridade que primeiro atira, para ver depois quem era. São dez anos de notórias trapalhadas, derrotas e dividas que ao começarem a ser saldadas fora saudadas como as únicas conquistas deste sonho de José e as Vacas Magras. O Grêmio teve um período de ouro, 93 a 97, quando ganhou tudo, e só não foi bi mundial porque se defrontou com um time que passou mais de 100 partidas invicto, tinha o melhor goleiro de todos os tempos e um juiz que expulsou nosso zagueiro pelo telão – ainda assim não levamos gols em 120 min e os nossos dois maiores batedores de pênaltis ... erraram. Depois veio 1998 cuja CB nos escapou por um triz, quase caímos, nos recuperamos no final e ai veio um divisor de águas. Deitamos com os dólares da ISL  sonhando com os solos da guitarra de J Page  Stairway To Heaven  e acordamos com o pesadelo  de uma sexta feira 13. Dali em diante, apesar da CB de 2001, nada mais deu certo. Caímos para a 2ª divisão e certo, certo, certo mesmo, a partir de então, nada mais efetivamente deu. Presidente após Presidente entre tapas e beijos nos arrastamos melancolicamente em meio a desgostos e o jejum infindável de volta olímpica. De fato, uns mais outros menos, mas ninguém acertou a mão. Nem Obino, nem Duda nem Odone. O Presidente do Grêmio ou sua direção – e o regime é Presidencial – estão proibidos de errar. E errar é humano. Então estamos no linear de desumanidade. O erro de Odone, entre tantos, tem uma origem preciosa: as promessas. Este foi o maior de todos. Ele prometeu o que não podia dar e não deu – e acreditaram nele e em todas as mudanças que foram feitas, algumas radicais. Guerreiro nos prometeu o time do século e que não venderia craques. Ao anunciar do meio do campo como se fosse um apresentador de programa de TV ao vivo chamou Aguinight, o primeiro. Ali deu pra ver que não seria sequer o time da semana, quanto mais do centenário. Ivete Sangalo saracoteou na nossa frente e começamos a trilhar o caminho do ´buraco do amor`. Obino, ainda que tivesse pego o clube aos frangalhos, acumulou equívocos alguns dos mais primários, com todo o respeito de quem o secundou naquele malfadado mandato. Veio a turbulência da 2ª divisão, Odone aos trancos e barrancos tocou o vagão descarrilhado e Duda abaixo de corneta também errou quase tanto como os outros, não chegamos a lugar nenhum, porque vaga na LA definitivamente não é título. O saldo de 2005/2008 foi a formação do condomínio, mas nada de conquistas e por muito pouco não tivemos um Brito na Presidência contra 85% gosto do torcedor. Retornou cheio de vigor e promessas. Acumulou erro sobre erro desde r10, VP, Lins, um jogador que veio e retornou, um W Paulista que não podia vir e, por fim estamos de novo o final do ano sem nada e com uma novela que mais nos desgasta do que nos afortuna. Ai está o pessimismo do torcedor. Nada que é feito agrada, e nada do que tem sido feito na verdade enseja satisfação. Ninguém duvida – eu ao menos não duvido – de que todos procuraram acertar, mesmo Odone com r10. Mas o fato é que não tem dado certo. Neste caldo todo é justo o reclamo dos que ficam insatisfeitos com tudo mesmo antes de ser tentado. Ou em meio à tentativa. Há uma maciça e esmagadora maioria que tem criticado duramente a direção. Um que outro – contabilizei pouquíssimos, sem encher uma mão, entre tantos que se manifestam nas redes sociais que batem pé contra esta negação sistemática da torcida. Pois é deles que me passei  a  ocupar e a refletir. Toda a unanimidade é burra, disse o dramaturgo. É possível. Fiquei a pensar sobre a razão destes. A razão deles é a paixão, sem dúvidas, mas a paixão além de não ser racional .... também é o que move todos os demais. Todos apaixonados, logo nisto estamos todos juntos com todas as nossas diferenças e esperanças. Um fato apenas me parece intocável. Não se está mais admitindo erros. Mas como conviver com esta negativa se errar é humano ? Não sei, mas o Presidente, a Direção, está proibida de errar. Penso que temos que nos esforçar, todos nós, mas isto é a tônica de todos os dias. Tenho dito que um ou dois dias depois da derrota ao torcedor é dado o direito de desabafar e desaguar toda a sua inconformidade com quem dirige o clube, depois tem que pensar no próximo  adversário.  Mas chegamos ao fim do ano e não há mais adversários nele, a não ser ... nós mesmos. Não podemos mais errar, esta é a verdade. O Grêmio vai ter que ter uma direção sobrehumana porque  ela se desnuda negócio após negócio. E toda a nudez será castigada. Vamos ter que tentar ser mais compreensivos com a direção e ela vai ter que ser mais compreensiva com o torcedor: porque todos somos verdadeiros gremistas. Estamos insatisfeitos, mas precisamos tentar.

Carlos Josias
@cajosias
Facebook  C Josias Menna Oliveira

3 comentários:

  1. Caro Josias, admiro muito teus textos e tuas opiniões sobre o universo Tricolor.
    Concordo com cada palavra que escreveste. Na realidade, eu mesmo sou um da minoria, em que pese mais discreto. Às vezes me pego criticando meus iguais, pela ampla e irrestrita rejeição que direcionam a toda ação da diretoria (e das anteriores), pela terra arrasada que pintam a cada novo tropeço ou pela ranzinzice diante de cada nova tentativa.
    Por outro lado, também eu sofro das mesmas frutrações e anseios. Também em mim retumba um grito de revolta ante a tudo pelo qual tenho passado desde que me entendo por gente/gremista. Um gremismo de certa forma tardio, aflorado na década mais difícil de nossa história, de 2003 pra cá. Pouco tempo pra se ter uma noção ideal de o que é o Grêmio, tempo o bastante pra saber o quão dificil pode ser amar este clube. Mas não me queixo da escolha que o coração fez.
    E assim como, por vezes, me irrita o posiocionamento de alguns torcedores, sei que a recíproca é verdade, o que nos leva ao ponto que quero chegar: além de se haver tolerancia entre torcida e diretoria (vice-versa), há de se haver o mesmo entre a própria torcida.
    Certas atitudes que presenciei me levam a pensar que alguns torcedores põem suas torcidas acima do clube. A guerra de vaidades extrapola os limites aceitáveis, na medida em que se vê um grupo de torcedores se achando com mais direitos do que outros. Poucas coisas conseguem me entristecer mais do que ver gremista contra gremista, alguns chegando inclusive às vias de fato, dentro do Templo que é de todos os Imortais. Não digo que todas as desavenças ocorreram em razão de (des)organizadas, mas nesse ano mesmo tivemos incidentes dessa natureza. Sei que concordas comigo e que igualmente repudia esse tipo de atitude, mas não é isso que quero frisar. Apenas utilizo como exemplo de o quão desunido está o nosso Grêmio. É compreensível que hajam divisões políticas, mas nunca se viu tanto essa divisão adentrar nas arquibancadas como ultimamente.
    Tenho, para mim, que as coisas só vão melhorar com a união. Essa de cada um puxar a brasa pro seu assado não tem funcionado há uma década. Sei que há muitos que concordam comigo, o que talvez torne minha opinião um mero clichê.
    De qualquer maneira, quero realmente enaltecer este ponto: os torcedores precisam ser mais tolerantes entre si mesmos. O sujeito do lado, que veste o mesmo Manto Sagrado, é um irmão ainda que tenha uma opinião divergente. O torcedor tem que ser compreensivo com seus iguais. Eu tenho que ser mais tolerante, e mais compreensivo com meu igual.
    Abraços.
    Rodrigo Rcha

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  2. Josias, sou teu fã...quisá tivéssemos mais gremistas como vc! espero todas as quintas para te escutar no programa do totonho.

    Josias, o que acha da minha sugestão para treinador...vamos sair da rothina (rsrsr).

    Para treinador: Dinho, um cara identificado com o Grêmio, tem vontade e sangue nos olhos. Já disse várias vezes que adoraria treina-lo!

    Andei escutando que especula-se o tal de Caio Júnior??? era só o que faltava trazer esse indivíduo que certa vez, qdo treinava o Palmeiras (2007) num jogo lá em SP, disse que o Grêmio era violento, que só dava pontapés (toda aquela ladainha surrada que conhecemos). Bom, a partir dai tenho verdadeiro ódio dessa camarada. Se realmente for verdade que esse cara venha treinar o meu Grêmio, penso seriamente em cancelar minhas três carteiras de sócio. Não admito que um sujeito que falou mal do Grêmio venha a treina-lo!!!!além de nunca ter ganho nada e falhado na hora h!!!

    abraços.
    Marcelo Costa

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